sábado, 19 de fevereiro de 2011

Pensamento de Pollyanna

 Quando eu era mais nova, no alto da minha grandiosa sabedoria de adolescente, acreditava que Pollyanna era doida. Maluca de pedra. Hoje, depois de muitas pedras no caminho, percebo que Pollyanna era mesmo uma sábia.

Para quem não sabe, ou não lembra, Pollyanna é uma órfã, protagonista do livro homônimo lançado em 1913, cuja vida era regida pelo "jogo do contente". O jogo, que aprendera com o pai, consistia em SEMPRE achar algo de bom nas coisas, independente do quão ruim elas fossem.

É claro que até mesmo Pollyanna teve seus momentos de dúvida, mas isso não durou muito. Com ajuda das pessoas ao seu redor, voltou a se contentar e tudo terminou bem. Como todo romanção, principalmente os infanto-juvenis, tem que ser.

Quando coisas boas acontecem, nós não reclamamos e nem precisamos procurar o lado bom. Ele já está às claras, sendo aclamado e comemorado. Agora, quando algo ruim nos acontece a primeira coisa que fazemos é nos lamuriar, queixar sobre como a vida é injusta.

Ver sempre o lado bom das coisas me parecia uma coisa tola. Uma fuga da realidade. Contudo, se formos analisar, salvando-se exceções (porque eu não quero juntar todo mundo num mesmo saco), as coisas sempre podem ser piores do que são.

No momento em que me vi na sala de espera de um centro de reabilitação, ao lado de outras tantas pessoas que acompanhavam seus parentes, foi que a filosofia de vida da Pollyanna, tantas vezes rechaçada, fez seu completo sentido. "Eu não posso reclamar, tem gente em situação pior."




Eu já me valera do "jogo do contente" antes, porém não com tanta frequencia e nem tão conscientemente. Mas funciona. É claro que eu não vou sair pulando e fazendo festa quando as coisas não dão certo. Nem ter uma atitude condescendente e resignada.

Todos nós merecemos ser felizes. E devemos buscar a felicidade mesmo quando ela parece estar escondida sob um monte de acontecimentos tristes. E melhor, essa é uma atitude que faz bem pra alma e pro coração.

1 comentários:

Nikelen Witter disse...

Interessante, a postagem e a lembrança. Nunca cheguei a achar Polyanna boba, isso porque só li o primeiro livro depois do segundo. Eu conhecia a história do filme da Disney, então comprei/ganhei direto o Polyanna Moça. O legal deste livro é que ela precisa enfrentar a vida adulta com o jogo e isso não é tão fácil. Não porque a vida seja mais difícil para os adultos do que para as crianças, mas porque os adultos são mais cínicos e com maior tendência à amargura. Com a Polyanna não é diferente. O melhor capítulo do livro é: O dia em que não houve jogo. É nele que a gente percebe tudo o que você diz. Sim, as coisas da vida não são bolinho, mas ficam ainda piores se a gente desanimar e não fizer uns bolinhos com chá para acompanhar uma boa conversa sobre o problema.
Não se trata de sabedoria barata, mas de uma pitada de sabedoria. Não é a sorte que pode nos trazer felicidade, mas um pouco de talento para lidar com o que nos acontece e valorizar o que se tem.

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