sábado, 17 de novembro de 2012

A Última Primavera


Cecília abriu as cortinas da floricultura assim que entrou. A primavera sempre fora sua estação preferida, talvez por isso sua avó tenha lhe deixado a loja como herança. Mas ela preferia que as vendas aumentassem, admitiu ao ver os poucos trocados que havia na caixa registradora.  Mantivera o local funcionando do mesmo modo que sua avó e, mesmo assim, quem comprava suas flores nunca voltava, por mais que elogiassem a aparência das gérberas e o perfume das rosas.

O tilintar do sino atado à porta fez com que Cecília deixasse de lado as suas preocupações e fosse atender os clientes que chegavam. Uma coroa de flores. Não era um pedido realmente estranho para uma floricultura, mas como nova proprietária, era a primeira que entregava, contudo, o mais estranho era a quem se destinava: a uma moça que comprara um ramalhete de flores do campo poucos dias antes. Reprimindo o choque pela coincidência, Cecília rumou para casa, dando o dia de trabalho por encerrado.