domingo, 30 de dezembro de 2012

Escravo do Tempo


A primeira badalada. Precisava se apressar.

Já estava cansado de tudo aquilo, mas era sua responsabilidade, então, não havia o que pudesse fazer realmente a respeito. Não era o Senhor do Tempo, era apenas seu escravo, como tantos outros. E, por isso, não tinha escolha. Porém, era o mais antigo e acabara aprendendo alguns truques, e utilizava os que podia para alargar ao máximo o fio das horas, esgarçando os minutos o suficiente para que os humanos – se porventura percebessem o que ocorria – achassem que o tempo havia parado.

Olhou mais uma vez para o corpo jovem que abandonava em seu leito, enquanto se preparava para atender ao chamado. Aquela era uma das raras vezes que gostaria de não precisar partir. Mas não se atrevia. Ou talvez devesse se atrever. Seria interessante ver como Ele se sairia para resolver a bagunça que aquele simples ato causaria.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Torre


Era uma época em que os dragões ainda aterrorizavam os povoados aqui e ali e as pessoas tinham receio do desconhecido. Numa campina junto ao rio que cortava a aldeia onde eu morava, existia uma torre tão alta que ultrapassava a copa das árvores e fora construída há tanto tempo que todo o povo acreditava que tivesse surgido junto com o mundo.
As crianças da minha aldeia aprendiam desde cedo a não se aproximar daquele lugar. Mas qual de nós nunca se sentiu atraído por aquelas pedras cheias de brilho, que refletiam o luar nas noites sem nuvem? É verdade que não conheci ninguém que tivesse conseguido entrar na torre da campina. Fora Olaf. Mas Olaf vivia inventando histórias e enredando o povo em suas mentiras, então não posso acreditar em nada do que ele falou.