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Atenção tripulação, todos aos seus postos. Expedição cancelada. Repetindo:
expedição cancelada. Preparar para emergir em 10... 9... 8...
Morean
ouviu o aviso com irritação. Uma vida inteira esperando aquela oportunidade e
agora, por causa dos medos simplórios daquela comandantezinha idiota, tudo ia
ser perdido. Sem pensar nas possíveis consequências de seu ato, cobriu a cabeça
com a touca de mergulho, apanhou um cilindro de ar e colocou-o, ao mesmo tempo em
que se jogava pela abertura da embarcação, nas águas negras do fundo do mar.
Aquela
escuridão seria capaz de aterrorizar qualquer um, mas Morean havia se preparado
por anos. Piscou algumas vezes e logo se acostumou com o breu enquanto nadava
para longe do submarino, e, ele acreditava, cada vez para mais perto de seu
objetivo. A equipe que Morean integrara fizera todos os cálculos infinitas
vezes. Estavam perto. Ou melhor, agora ele
estava perto. Podia sentir em seus ossos. E agora não precisaria dividir a
glória daquela descoberta. Já o haviam chamado de louco, de obstinado, mas ele
não se importava. Ainda mais no momento em que tinha a certeza de estar a
poucos metros da descoberta de uma vida.
Se
focasse seus olhos na direção correta sabia que começaria a divisar os
contornos do Royal Rover e, dentro dele, muito mais tesouros do que qualquer
marujo poderia desejar. Observou o medidor do cilindro de oxigênio e percebeu
que praticamente já estava na metade. Tinha que se acalmar e poupar aquele
conteúdo precioso ao máximo para dar tempo de alcançar o velho navio pirata,
encontrar o que procurava e voltar.
Contudo,
por mais que Morean nadasse, o Royal Rover parecia continuar à mesma distância.
Apesar de toda certeza de sucesso, o explorador sentiu medo. E se ele estivesse
enganado? E se os cálculos estivessem errados? E se os temores da capitã
tivessem realmente fundamento? Controlando o pânico que ameaçava se instaurar,
afastou os medos para um canto de sua mente e prosseguiu.
Já
ultrapassara a metade do cilindro de oxigênio quando os contornos quebrados do
velho navio pirata ficaram realmente perceptíveis. Com ânimo renovado, Morean
aumentou o ritmo das braçadas.
Um
grande buraco no casco deixava claro o motivo do naufrágio. Morean passou por
ele, tocando a madeira apodrecida. Sabia exatamente aonde ir. Seguiu seu
caminho retirando os pedaços do navio que agora atrapalhavam seu caminho. Em
determinado momento precisou parar e vasculhar a memória do antigo mapa que se
forçara a decorar ainda quando menino. Com um sorriso, rumou para a direita
encontrando a entrada para a cabine do capitão. Quase com uma reverência,
entrou nos aposentos, achando uma afronta dos seres marinhos terem utilizado
aquele local para viverem. Olhou as paredes com calma. O pânico que estivera tentando
esquecer ameaçou voltar, porém, antes que isso acontecesse, Morean o viu.
Emoldurado em prata, o retrato do pirata que capitaneou a derradeira viagem
daquele navio. Seu tataravô.
A
emoção era tanta que Morean sentiu a cabeça girar e seu coração acelerar. Foi
quando o zunido em seu ouvido começou que ele se deu conta. O oxigênio em seu
cilindro estava no fim. Mas não importava, ele alcançara seu objetivo. Em algum lugar na superfície do oceano, os tripulantes do
submarino contratado para a expedição, acabavam de dar por falta de Morean.
1 comentários:
A-DO-REI!!!
Bjs!
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